NASUA NASUA

A coloração do pelo dos quatis varia de amarelo-avermelhado a marrom-escuro ou cinza. O focinho e as patas são sempre marrom escuros ou pretos. Mas o que realmente destaca o visual dos quatis, são os anéis marrom escuros da cauda e o focinho estreito e prolongado. É exatamente este focinho comprido característico, o qual faz com que quatis possam ser identificados facilmente. Outra característica marcante são as manchas claras ao redor dos olhos.

Quatis não apresentam dimorfismo sexual, sendo somente as fêmeas um pouco menores que os machos.

Quatis são animais de hábitos diurnos, que se locomovem por grandes distâncias nas florestas ou savannas na busca por alimento. Costumam forragear tanto no solo como também no alto das copas de árvores. Usam o focinho de grande mobilidade e as suas garras fortes para alcançar o alimento. São muitas vezes acompanhados por bandos de aves , as quais se alimentam dos insetos que são espantados pelas atividades dos quatis.

Quatis fazem parte dos superatletas das florestas.  Possuem grandes habilidades motoras, sendo capazes de subir em árvores, se equilibrar em pequenos galhos, nadar e correr radidamente. Mas o mais impressionante é quando descem das árvores de cabeça para baixo. Certamente fazem parte do time dos superatletas das florestas.

Os quatis são onívoros, que se alimentam primariamente de frutos, insetos e invertebrados como minhocas, mas também podem recorrer a outros recursos como legumes, crustáceos, peixes, anfíbios, aves, pequenos mamíferos, carniça e lixo humano. Seus alimentos preferidos são frutos, ovos e legumes.

Os frutos preferidos do quatis são frutos grandes suculentos como araticuns, guabirobas, jaracatiás, figos, maracujás e frutos de palmeiras como a juçara e o jerivá. Além disso adoram os frutos de embaúbas, assim como quase todos os animais.

Os quatis são uma das poucas espécies de mamíferos que constroem ninhos nas copas de árvores. As espécies mais utilizadas para a construção de ninhos pelos quatis no Panatnal são os tarumãs (Vitex cymosa) e gonçalos (Astronium fraxinifolium). Além disso são utilizadas as mamicas-de-porca (Zanthoxylum rhoifolium), manduvis (Sterculia apetala), piúvas (Handroanthus heptaphyllus), jatobás (Hymenaea courbaril)  e figueiras (Ficus sp.).

Quatis costumam beber água em riachos, lagos, poças de água, ocos de árvores e bromélias. Buscam por água várias vezes por dia, o que explica o fato dos quatis escolherem como áreas de vida somente territórios que oferecem estes recursos.

Além disso costumam se alimentar de frutos suculentos, os quais lhes ajudam a suprir a demanda  diária de água.

Trata-se de uma espécie amplamente distribuída. a qual ocorre exclusivamente na América do Sul, na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Ecuador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. No Brasil podem ser encontrados em todos os biomas. Vivem principalmente em florestas e matas ciliares, em altitudes desde o nível do mar até 2.500 metros de altura. Além disso podem também ser encontrados em campos rupestres e áreas de cerrado. A existência de árvores no seu habitat é indispensável, já que necessitam de árvores para a construção dos ninhos, nos quais costumam passar a noite.

A área de vida de machos varia de 0,9 a 7,5 km². A distância percorrida diariamente varia de 2.300 a 4900 m.

As fêmeas se separam do grupo antes de dar a luz para construir um ninho na copa de alguma árvore bem alta, no qual permaneceram por cerca 5 semanas com os filhotes recém-nascidos. Após este período, a fêmea e os filhotes voltam para o grupo. Quatis costum ter 3 a 4 filhotes. Os machos deixam o grupo com cerca dois ou três anos de idade e costumam levar uma vida solitária a partir deste momento.

Os animais mantém contato através de grunhidos constantes e clicks. Estes sons diferem do grunhido de alarme. Quando um grunhido de alarme é emitido, todos os animais sobem em diversas árvores, se espalhando na floresta. Seus inimigos naturais são onças, onças-pardas, jagourundis, lobinhos-do-mato, sucuris e aves de rapina.

As principais ameaças para os quatis são a perda ou degradação do seu habitat, atropelamentos, caça, zoonoses transmitidas por animais domésticos e conflitos com os mesmos.

A população de quatis está em declínio. Seu status de conservação é avaliado como “pouco preocupante” pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e como “vulnerável” pelo ICMBio-MMA.

• Respeite os animais ao encontrá-los, mantendo distância e não avançando para tocá-los ou alimentá-los
• Ao encontrá-las, lembre-se dos três gestos de cordialidade para encontros com animais:
  • vire o corpo de lado para mostrar que você está vindo em paz e não pretende atacá-los, pois uma posição frontal pode ser intepretada como intenção de ataque
  • recue alguns passos para mostrar que realmente não existe nenhuma intenção de ataque
  • não olhe para o animal de olho arregalado e sem parar. Baixe os olhos regularmente ou olhe para o lado de tempo em tempo para sinalizar que você não pretende atacar. Lembre-se que “fixar” a presa é comportamento de predador e este tipo de olhar pode ser interprtado como intenção de ataque!
• Ao encontrá-los, fique em silêncio e aproveite para contemplar o animal e a situação.
• Sempre respeite os limites  e sinais do animal, recuando quando este sinaliza que está se sentindo incomodado.
• Não se aproxime das suas “habitações”, mantendo sempre uma distância mínima de 10-15 m!
• Nunca alimente animais, a não ser que estejam feridos ou doentes, pois animais que se habituam a serem alimentados por humanos, acabam virando uma presa fácil para caçadores ou tráfico de animais!
• Ajude a criar reservas particulares, onde os quatis possam viver em paz e protegidas de agressões humanas
• Plante as espécies de árvores utilizadas pelos  quatis para a construção de ninhos ou crie abrigos em sítios, fazendas ou casas de praia, utilizando materiais naturais  – assim os quatis poderão se proteger de sol, calor, chuva, vento ou frio. Plante algumas das espécies-abrigo que citamos nas nossas listas neste perfil ou ecolha espécies arbóreas que costumam desenvolver galhos largos horizontais.
• Coloque plataformas em árvores para oferecer abrigo . Isto é de grande importância em florestas mais novas, cujas árvores de pequeno porte ainda não vão possuir galhos largos.
• Plante espécies-chaves para a alimentação dos quatis e não esqueça de plantar espécies que irão oferecer alimento na estação seca, época de escassez natural de água e alimento
• Plante algumas das espécies-abrigo que citamos nas nossas listas ou ecolha espécies arbóreas que costumam desenvolver galhos largos horizontais.
• A possibilidade de livre migração é indispensável para todas as espécies de animais, pois somente assim conseguem sobreviver quando se vêem confrontados com condições ambientais adversas. Evite bloquear trilhas animais, jogando lixo ou construíndo justamente nestes locais. Além disso é primordial deixá-los circular em paz. Mantenha-se afastado e se contente em poder contemplá-los. Os animais podem se assustar, se você tentar se aproximar. Animais que saem correndo em disparada facilmente se ferem ou podem sofrer acidentes no trânsito. Evite instalar cercas com arame farpado ou muros que possam impedir a passagem!
• Plante algumas das espécies-abrigo que citamos nas nossas listas ou ecolha espécies arbóreas que costumam desenvolver galhos largos horizontais.
• Dirija devagar e com cautela em florestas ou áreas de vegetação que não permitem avistar animais se aproximando das pistas, não passando de uma velocidade de 70km/h
• Crie o hábito de colecionar lixo regularmente nas áreas naturais onde você gosta de passear – assim se reduz o risco de ferimentos ou envenenamentos de animais silvestres, contribuíndo para criar um habitat seguro para os animais
• Facilite o acesso à água limpa para animais silvestres, criando lagos ecológicos e nunca esqueçendo de criar acessos rasos em rios
• Evite utilizar arame farpado, pois qualquer ferida traz o risco de infecção e poderá ser letal para animais!
• Se locomova de maneira silenciosa na natureza, pois gritos e barulho podem assustar animais. Animais que saem correndo em disparada devido ao susto, muitas vezes acabam se ferindo me galhos e espinhos ou machucando as patas ao pisar em buracos ou rachaduras no solo. Isto pode ser letal! Andar em silêncio pelas matas é certamente uma das maneiras mais valiosas de expressar o teu respeito e amor pelos animais!

Se quisermos aumentar as chances de sobrevivência dos quatis, precisamos providenciar alimento, água e abrigo para eles, protegê-las de agressões humanas, de doenças e do trânsito.

Grandes florestas bem conservadas costumam oferecer tudo isto, mas infelizmente as áreas recentemente reflorestadas e muitos remanescentes não conseguem providenciar o necessário. As áreas reflorestadas e remanescentes muitas vezes são pequenos demais para sustentar animais de grande porte. Faltam abrigos naturais como ocos em árvores, cavidades naturais, arbustivas de folhagem densa, ou árvores de galhos largos horizontais onde os animais possam se proteger de sol, chuva, frio, ventos fortes e predadores. E muitas vezes não existem fontes de água limpa, as quais podem ser facilmente acessadas. Por esta razão os quatis acabam se expondo à diversos riscos, na tentativa de suprir a demanda de água e alimento. Eles correm o risco de sofrerem envenamentos ou de pegarem doenças bebendo água contaminada ou acabam se expondo ao ser humano, se aproximando de habitações humanas ou atravessando estradas perigosas.

Então a questão é o que podemos fazer para amenizar estes problemas e de aumentar as chances de sobrevivência dos quatis?

FORNEÇA ALIMENTO NAS ÁREAS DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA

• Plante espécies vegetais que produzem frutos grandes e suculentos. Escolha as espécies, de maneira que haja uma oferta contínua de alimento o ano todo.
• Plante várias especies, que frutificam no inverno. A estação seca é uma época de escasssez natural de água e alimento, cujos efeitos precisamos amenizar.
• Plante palmeiras, embaúbas e figueiras. Estas espécies são essencias para o suprimento da fauna em geral.

FORNEÇA ÁGUA LIMPA NAS ÁREAS DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA

• Facilite o acesso à água limpa para animais silvestres, criando lagos ecológicos e nunca esqueçendo de criar acessos rasos em rios – água limpa é um pré-requisito para a permanência e sobrevivência dos animais a longo prazo.
• Crie laginhos ecológicos com plantas aquáticas e animais controladores de mosquitos ou algas para evitar que estes espaços virem criadouros de mosquitos!
• Crie áreas de água rasa de várias profundidades ou uma rampa nas bordas de rios ou lagos para que animais de diferentes tamanhos possam tomar banho ali. Estes banhos são de grande importância para a saúde dos animais, pois ajudam a retirar parasitas e agentes patológicos! E estas rampas também são importantes para animais que gostam de sair da água para tomar sol e repousar, como é o caso de jacarés, tartarugas aquáticas e capivaras.
• Crie um sistema de drenagem que direcione a água de chuva para estes reservatórios. Veja o blog e o vídeo com a instrução detalhada de como implementar sistemas de drenagem e de construção de lagos ecológicos que postamos nos BLOGS e VÌDEOS!
• Instale tigelas de barro rasas nas copas das árvores e no solo. As tigelas precisam ser rasas para que a água possa evaporar rapidamente. evitando que as tigelas sirvam de berçário para mosquitos.

FORNEÇA ABRIGO NAS ÁREAS DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA

• Animais também adoecem quando ficam expostos a muito sol, chuva, frio ou vento. Sem abrigos os animais provavelmente não irão permanecer no local ou irão correr o risco de ficarem doentes.
• A solução é fornecer abrigos no solo e principalmente no topo de árvores.
• Plante espécies de árvores de copa larga e que irão desenvolver galhos largos horizontais como chichá-de-cerrado (Sterculia apetala), tamboril (Enterolobium contortisiliquum), jatobá (Hymenaea courbaril), copaíba (copaifera langsdorffii), pau-de-tucano (Citharexylum myryanthum) e figueiras (Ficus enormis, Ficus gomelleira, Ficus guarantica, Ficus eximia, Ficus luschnatiana…).
• Instale plataformas no alto das copas de árvores pioneiras, enquanto ainda não houver árvores de galhos largos horizontais nos plantios mais recentes.
• Ultilize somente materiais naturais não-tóxicos! Caso ultilize madeira, utilize somente espécies não-tóxicas e sem látex! Jamais ultilize madeira proveniente de pallets, já que estes são impregnados com inseticidas altamente tóxicos! Também evite ultilizar madeiras tratadas com vernizes ou tintas, já que estas podem afetar negativamente a saúde dos animais.

https://www.scielo.cl/pdf/rchnat/v86n1/art08.pdf

https://pdfs.semanticscholar.org/63a9/a4752079dd87142367666dbc082ba3a7c073.pdf

https://www.researchgate.net/publication/315416546_ATLANTIC-FRUGIVORY_A_plant-frugivore_interaction_dataset_for_the_Atlantic_Forest

https://www.zootier-lexikon.org/index.http://www.zootier-lexikon.org/images/Fische/514-echte2/index.php?option=com_k2&view=item&id=115:nasenbaer-nasua-nasua&Itemid=242

Quatis são importantes dispersores de sementes dentro dos ecossistemas nos quais vivem. Se destacam por serem dispersores de frutos e sementes grandes (>15mm), sendo portanto indispensáveis para manter a estrutura das florestas tropicais em pé. Sem animais de grande porte, perderíamos os estratos mais altos, pois existe uma correlação entre o tamanho do fruto e o tamanho da planta. Para que possam ser dispersas, frutos  e sementes grandes necessitam ser engolidas por inteiro, e portanto dependem da presença de animais de  bocas ou bicos grandes dentro dos ecossistemas para que possam se reproduzir e sobreviver.

Sendo importantes dispersores de sementes, os quatis ajudam a acelerar os fluxos genéticos, contribuíndo para uma melhor resilência dos ecossistemas.

Sementes que passaram pelo sistema digestivo de animais, costumam ter taxas de germinação muito mais altas do que aquelas que não passaram por este processo. Com isto os quatis influenciam de maneira significativa a capacidade de regeneração dos ecossistemas nos quais vivem.

Quatis cavam no solo, na busca por alimento. Ficam revirando folhas e arranhando a superfície do solo. Todas estas atividades descompactam o solo e facilitam a penetração das raízes das sementes recém-germinadas, facilitando o estabelecimento de novas mudas.

As fezes dos quatis ajudam a aumentar a fertilidade do solo.

Quatis são importantes dispersores de microorganismos. Na hora de cavar, as patas e o focinho entram em contato com inúmeros microorganismos e muitos ficam grudados em patas e peles. Desta maneira os microorganismos acabam sendo disperso.

Além disso, existem muitos microorganismos resistentes aos sucos digestivos, os quais acabam sendo dispersos com as fezes dos quatis.

Os microorganismos são de grande importância para os ecosistemas, pois são eles que fornecem os nutrientes para as plantas, sendo indispensáveis para um crescimento vital e saudável de plantas.

Quatis fazem parte do time dos fornecedores de biomassa dos ecossistemas. Na busca por alimento acabam derrubando material morto da copa de árvores. Em suas atividades no solo muitas vezes acabam pisoteando mudas, quebrando galhos e distribuíndo frutos e fezes.

Quatis se alimentam de insetos e invertebrados, contribuíndo desta maneira para o controle populacional de herbívoros e possíveis pragas.

Quatis são dispersores de frutos, sendo portanto importantes para a reproducao das espécies vegetais. Sendo dispersores de frutos grandes, eles ajudam a aumentar a capacidade de sequestro de carbono das florestas, já que existe uma relação  entre o tamanho do fruto e o tamanho da árvore e a densidade da madeira da espécie. Quanto maior a densidade da madeira, maior será a quantidade de carbono armazenada.

Disseminando espécies com alta capacidade de sequestro de carbono, os quatis acabam influenciando a capacidade de sequestro de carbono do seu habitat.

Quatis fazem parte dos engenheiros florestais, sendo excelentes construtores de ninhos grandes na copa das árvores.

Quatis são excelentes construtores de ninhos gigantes no alto de grandes  árvores. Estes ninhos acam sendo utilizados por muitas outras espécies, contribuíndo desta maneira par o bem-estar de muitos outros animais.

Como todos os animais, os quatis purificam os ambientes energeticamente.

Cada espécie animal possui uma sabedoria única.

Os quatis são os especialistas em solos e nos ensinam a importância de todos os organismos que existem no solo para o bem-estar das florestas.

Quatis fazem parte dos engenheiros florestais, sendo excelentes construtores de ninhos grandes na copa das árvores.